A imagem corporal foi transformada em objeto de discussão por leigos e estudiosos, e portanto, modificações corporais feitas através de cirurgias, treinamentos ou uso de substâncias ilícitas, tornou-se o sonho de consumo da maioria da população (SEREM JUNIOR, 2012).

Um dos principais fatores causais de alterações da percepção da imagem corporal é a imposição, pela mídia, sociedade e meio esportivo, de um padrão corporal considerado o ideal, ao qual associam o sucesso, a felicidade e a autoestima. Se existe uma insatisfação, ela irá se refletir diretamente na autoimagem (CONTI, FRUTOSO e GAMBARDELLA, 2005; BUCARETCHI, 2003; OLIVEIRA, 2012).

O culto pela forma física não é uma exclusividade feminina. Jovens e adultos, obcecados em alcançar o “corpo perfeito”, podem estar sofrendo de um distúrbio psiquiátrico chamado de vigorexia ou dismorfia muscular. A vigorexia é considerada um transtorno de dismorfia muscular, associado à insatisfação e crença que o corpo não está com a sua musculatura relativamente desenvolvida o suficiente (MELER e PLANELL, 2005; OLIVEIRA, 2012; DERAM, 2018).

A vigorexia é também conhecida como anorexia reversa e trata-se de uma síndrome semelhante à anorexia nervosa, relacionada com a insatisfação corporal, onde o indivíduo treina excessivamente em busca de um corpo musculoso e “perfeito”, porém mesmo com resultados adequados sentem-se insatisfeitos com o próprio corpo (OLIVEIRA, 2012; DERAM, 2018).

Essa insatisfação corporal leva aos indivíduos, principalmente os praticantes de musculação e fisiculturistas, a treinarem cada vez intensamente, passando horas na academia e aderindo a dietas rígidas, com muita proteína e suplementos, além de muitas vezes fazerem uso de anabolizantes e hormônios podendo trazer malefícios à saúde (BUCARETCHI, 2003; DERAM, 2018; MAHAM e ESCOTT-STUMP, 2005).

Portadores de vigorexia também evitam exposição de seus corpos em público, por sentirem vergonha, e, portanto chegam a utilizar diversas camadas de roupa, mesmo no calor, com intuito de evitar esta exposição (ASSUNÇÃO, 2002; CHOI, POPE e OLIVARDIA, 2002; CHUNG, 2001).

A vigorexia deve ser tratada, com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, para que o indivíduo possa aceitar seu corpo e viver de modo saudável.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARGO, Tatiana Pimentel Pires de et al . Vigorexia: revisão dos aspectos atuais deste distúrbio de imagem corporal. Rev. bras. psicol. esporte,  São Paulo ,  v. 2, n. 1, p. 01-15, jun.  2008 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-91452008000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  02  dez.  2018.

Mahan, L. K., Escott-Stump, S. (2005) Alimentos, nutrição e dietoterapia. 11ª ed. São Paulo: Roca, 2005.

Damasceno, V. O. , Lima, J. R. P. , Vianna, J. M. , Vianna, V. R. A. , Novaes, J. S. (2005) Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Rev Bras Med Esporte: Niterói. V. 11, n. 3.

Assunção, S. S. M.; Cordás, T. A.; Araújo, L. A. S. B.(2002) Atividade física e transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica: São Paulo. V. 29, p.4-13. 2002.

Choi, P. Y. L., Pope, H. G., Olivardia,R. (2002) Muscle Dysmorphia: a new syndrome in weightlifters. Br J Sports Med. V. 36, p.375-376.

Chung, B. (2001) Muscle dysmorphia: a critical review of the proposed criteria. Perspect Biol Med. V.44, n. 4, p. 565-574.

Olivardia, R., Pope, H. G., Hudson, J. I. (2000) Muscle dysmorphia in male weightlifters: a case-control study. Am J Psychiatry. V. 157, n. 8, p. 1291-1296.

OLIVEIRA, K.F.G. de.  Vigorexia e mídia: fatores e influência. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado- Educação Física)- Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro. Orientador: Afonso Antonio Machado. Rio Claro, 2012.

SEREM JUNIOR, Vanderley Costa. Corpo e cultura: culto ao corpo e vigorexia. 2012. 59 f. Trabalho de conclusão de curso (licenciatura – Educação Física) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2012.

Sophie Deram (site)- Vigorexia, Setembro de 2018.