Alimentação no tratamento da Síndrome do Ovário Policístico (SOP)

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP), é um distúrbio endócrino ginecológico comum com prevalência variando de 8,7 a 17,8% em mulheres na idade reprodutiva.

Na mulher com SOP é comum a ocorrência de anormalidades metabólicas e hormonais associadas à obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e dislipidemia.

O diagnóstico de SOP é tido através do consenso de Rotterdam, se possuir 2 ou 3 dos seguintes critérios:

• Hiperandrogenismo (aumento dos hormônios masculinos, com sintomas e/ou alterações no exame de sangue;

• Ciclos irregulares ou anovulação (ausência de menstruação);

• Formação de cistos no ovário/ micropolicistos.

SINAIS E SINTOMAS CARACTERÍSTICOS DA SOP:

• Sintomas físicos: Acne, queda de cabelo, pelos, manchas escuras;

• Sintomas emocionais: Depressão, síndrome do pânico, ansiedade;

• Sintomas metabólicos: gordura abdominal, dificuldade em emagrecer, fadiga, vontade excessiva de doces e carboidratos.

• Sintomas do aparelho reprodutor: ciclos irregulares, cistos no ovário, dificuldade em engravidar.

RESISTÊNCIA À INSULINA:

Estima-se que entre 50 e 90% das mulheres com SOP manifestem resistência à insulina, ou seja, este hormônio tem dificuldade em desempenhar o seu papel, tendo como resultado o aumento da glicemia e da insulina a longo prazo.

COMO DEVE SER A ALIMENTAÇÃO DE UMA PORTADORA DE SOP?

O manejo dietético pode ser realizado através de:

• Controle da Carga Glicêmica (CG) e do Índice Glicêmico (IG);

• Dietas low carb ou Mediterrânea;

• Fibras alimentares, probióticos, chás, antioxidantes e suplementos alimentares.

-Carga Glicêmica e Índice Glicêmico:

O Índice Glicêmico mostra o aumento da glicose no sangue após o consumo de um alimento fonte de carboidratos, comparando com o consumo de um alimento controle, em geral glicose ou pão branco. Foi proposto com a finalidade de classificar os alimentos a partir das respostas glicêmicas, ou seja, capacidade que o alimento tem de aumentar a glicemia.

Já a Carga Glicêmica indica a qualidade e quantidade de carboidratos dentro de uma porção consumida de nutrientes pela dieta. Esse parâmetro fornece o resultado do efeito glicêmico da dieta como um todo, pois avalia a porção de carboidrato disponível nos alimentos e o IG. Dessa forma fornece uma noção mais real do efeito glicêmico de diferentes porções alimentares.

Com isto, deve-se evitar alimentos com alto índice glicêmico como doces refinados, ou com alta carga glicêmica gerada por quantidade elevada de carboidratos por porção.

-A dieta mediterrânea:

A dieta mediterrânea possui efeito benéfico em relação a vários fatores de risco cardiovascular relacionados à obesidade. Esta dieta consiste na alta ingestão de cereais, leguminosas, nozes, vegetais e frutas, gorduras fornecidas principalmente pelo azeite de oliva, e pelo consumo moderado de peixe, aves e produtos lácteos, além da baixa ingestão de carne vermelha (uma vez na semana), baixo consumo de álcool (geralmente na forma de vinho tinto).

-O consumo de fibras:

O consumo de fibras também é importante, pois gera impacto benéfico na resposta glicêmica, visto que aumenta a viscosidade do bolo alimentar e está ligada à glicemia pós prandial (glicemia após as refeições) e à reposta insulínica, além de auxiliar na redução do colesterol e do apetite. Exemplos de fontes alimentares: farinha de casca de berinjela, farinha de casca de maracujá, casca de maçã e laranja (pectina); goma guar (mucilagens); Psyllium; farelo de aveia e cevada (betaglucana).

-A ingestão de amido resistente:

A ingestão de amido resistente também tem seus benefícios, principalmente por ter ação similar ao das fibras, onde diminui-se as concentrações séricas de triglicerídeos e colesterol, e aumenta na expressão do receptor de LDL hepático.  Exemplos de fontes: grãos, farinhas e leguminosas, biomassa de banana verde.

– Gorduras mono e poli-insaturadas: 

Estas gorduras também trazem benefícios. São encontradas nos seguintes alimentos: Abacate;  óleo de abacate, óleo de gergelim, azeite de oliva, óleo de semente de uva, oleaginosas (Noz, noz-pecan, castanhas, amêndoas, pistache, macadâmia, linhaça, chia, semente de abóbora, azeitonas, sementes de girassol).

-Mioinositol:

O mioinositol encontrado em alimentos como frutas, feijões, milho e nozes, ou através de suplementos, está diretamente envolvida na sinalização celular da insulina, e em relação à SOP, vários estudos mostraram que a deficiência de inositol é responsável pela resistência à insulina, portanto pode ser recomendado para o tratamento de SOP com RI, para melhorar os sintomas causados pela diminuição do estrogênio na SOP. 

-Outros alimentos que podem modular a resposta glicêmica:

Vinagre de maçã, canela, semente de chia.

-Chás:

Os chás são interessantes para o tratamento da SOP, como o chá de unha de gato e o de uxi amarelo. Porém devem ingeridos com cautela, visto que são abortivos, ou seja, devem ser consumidos apenas entre o 1º e 14º dia do ciclo, com recomendação de nutricionista.

-Vitamina D:

A vitamina D também é um dos fatores nutricionais relacionados à SOP. Mulheres com SOP particularmente obesas têm uma alta prevalência de deficiência de vitamina D, pois a vitamina D é lipossolúvel e seu acúmulo de tecido adiposo em pessoas obesas reduz sua biodisponibilidade.  Muitos estudos indicaram que concentrações insuficientes de 25 (OH) D circulante estão associadas à hiperandrogenismo, síndrome metabólica, resistência à insulina, aumento do IMC, do percentual de gordura e da circunferência da cintura.

-Zinco:

Já o zinco, micronutriente essencial para o bom funcionamento de vários processos no corpo humano, parece desempenhar um papel em vários distúrbios da pele. Fontes alimentares de zinco: semente aboora, amêndoas, amendoim, espinafr, grão de bico, lentilha, ervilha, semente abobora, oleaginosas catsnha caju, gergelim, abacate, abacaxi, ameixa, banana, figo, framboesa, abobora, acelga, alface, beterraba, brócolis.

-Magnésio:

O magnésio, outro micronutriente, regula as funções fundamentais, como contração muscular, condução neuromuscular, controle glicêmico, contração miocárdica e pressão arterial, além de participar do metabolismo de carboidratos.

-Ômega 3:

O ômega 3 é um suplemento que desempenha um papel importante na regulação imunológica, na sensibilidade à insulina, na diferenciação celular e na ovulação. Podendo ser usado para melhorar a desordem da foliculogênese causada por estresse oxidativo excessivo e a hiperinsulinemia em mulheres com SOP. 

OUTROS FATORES IMPORTANTES PARA O TRATAMENTO DA SOP:

• Qualidade do sono;

• Controle do estresse e da ansiedade;

• Microbiota intestinal saudável (função intestinal regularizada);

• Organização da rotina alimentar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDRADE, VICTOR HUGO LOPES DE et al. Current aspects of polycystic ovary syndrome: A literature review. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 62, n. 9, p. 867-871, 2016.

Apostila- Curso Nutrição da Mulher- Ana Paula Pujol

Regidor, P.-A., Schindler, A. E., Lesoine, B., & Druckman, R. (2018). Management of women with PCOS using myo-inositol and folic acid. New clinical data and review of the literature. Hormone Molecular Biology and Clinical Investigation, 0(0). Doi:10.1515/hmbci-2017-0067 

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