Mais que hábitos, alimentação também é cultura!

“A alimentação é um requisito básico para a perpetuação de um povo e desempenha um papel importante na consolidação de uma cultura” (PEREIRA, 2013).

A alimentação é um direito humano, uma necessidade primária e uma atividade cultural repleta de crenças e tabus, e está ligada a costumes, comportamentos e situações, tanto que a gastronomia é um reflexo cultural e social de uma época (REZENDE, 2004; MINTZ E BONS, 2002; SUELI, 2001).

Portanto, comer não é apenas a inclusão de elementos nutritivos fundamentais no organismo, é também um fator social, trazendo convívio, diferenças, e expressando o mundo da necessidade, da libertação e da influência (SUELI, 2003).

O fotógrafo americano Gregg Segal (www.greggsegal.com) demonstrou diferentes culturas alimentares em um de seus trabalhos, conhecido como Daily Bread (Pão Diário), onde vemos crianças de diferentes países e culturas junto ao que comeram durante uma semana. O fotógrafo descobriu aspectos muito interessantes entre os países que percorreu e um deles é como as crianças ricas e pobres se alimentam, sendo que o que é considerado padrão saudável em um país inverte-se em outro. Segal explica que “Nos EUA, os pobres geralmente são os que se alimentam pior porque fast food aqui é muito barata e de fácil acesso. Um hamburguer pode custar US$ 1. Já na Índia, fast food é algo caro, símbolo de status. Os mais pobres não têm dinheiro para comer frango KFC ou uma pizza Domino’s. Mas, mesmo com pouco dinheiro, os pais indianos vão à feira e compram frutas, grãos e uma variedade de alimentos saudáveis e cozinham com curry em casa, por exemplo. Ironicamente, essa criança sem tantos recursos se alimenta melhor do que a americana de classe média”. No Brasil, o fotógrafo viu um pouco de Índia e Estados Unidos e como reflexão disse: “Estamos tão ocupados no dia a dia, correndo de um lado para o outro, que nem pensamos direito no que estamos ingerindo. Quando você repara no que comeu durante uma semana e percebe que sua rotina não é muito saudável, isso te atinge de uma maneira incômoda”.

Estas são algumas das outras fotos.

Na primeira fileira podemos visualizar a foto de Chetan Menge, 10, de Mumbai, na Índia. O mesmo faz suas refeições assistindo TV junto à família. E também podemos ver a foto de Henrique Valias, 9, de Brasília, que gosta de pizza e qualquer coisa com chocolate.
Na segunda fileira tem a foto fe Kawakanih Yawalapiti, 9, do Alto do Xingu, Mato Grosso, com os alimentos que costuma comer. Também podemos ver a foto de Ademilson Francisco, 10, de Vão das Almas (GO), vilarejo sem eletricidade no Cerrado com 200 famílias, adora manga e rapadura. “A alimentação é um requisito básico para a perpetuação de um povo e desempenha um papel importante na consolidação de uma cultura” (Pereira, 2013).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEREIRA, Ana Maria. Hábitos Alimentares: Uma Reflexão Histórica. Nutrícias, Porto , n. 18, p. 18-20, set. 2013.
Rezende MT. A Alimentação como objecto histórico complexo: Relações entre comida e sociedades. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, 2004; 33
Mintz SW, Bons CM. The anthropology of food and eating. Annual Review of Anthropology, 2002; 31:99-119
Sueli RT. Desnutrição e Obesidade. Faces contraditórias na Miséria e na Abundância. Publicações Cientificas do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Recife,2001.

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FOLHA DE SÃO PAULO (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/09/projeto-retrata-alimentacao-de-criancas-em-diferentes-paises-e-compara-habitos.shtml)